Pensar Fora do Eixo: por histórias plurais da cidade e do urbanismo
Eixo 1 - Trajetórias, Institucionalização e Circulação de Ideias no Urbanismo
Este eixo discute a formação e a consolidação do urbanismo como campo disciplinar, destacando os embates teóricos, metodológicos e políticos que o moldam ao longo do tempo. Interessa compreender as trajetórias de planejadores, projetistas, críticos e pensadores do espaço urbano (incluindo vertentes dissidentes, como o urbanismo anarquista, o desurbanismo, entre outras), bem como os fluxos de circulação de ideias, as redes de intercâmbio internacional, as influências ideológicas e as disputas epistemológicas que atravessaram sua constituição. Acolhem-se reflexões sobre como diferentes tradições disciplinares abordaram, ignoraram ou ressignificaram saberes locais, modos de vida periféricos e conhecimentos situados, especialmente aqueles oriundos de contextos historicamente marginalizados, promovendo uma escuta atenta às vozes e experiências fora dos centros hegemônicos de produção do conhecimento.
Eixo 2 - Processos de Produção do Espaço Urbano
Este eixo contempla análises históricas sobre a conformação e a transformação do espaço urbano, entendido como produto das contradições entre dinâmicas do capital, políticas públicas, lutas sociais e práticas cotidianas. Abrange estudos sobre os vínculos entre planos, projetos, agentes e interesses, considerando as dimensões políticas, econômicas, sociais e territoriais que estruturam a cidade e o urbano. Inclui investigações sobre urbanização, metropolização, formas urbanas, infraestrutura, conflitos fundiários e processos de segregação. Especial atenção é dada às resistências, deslocamentos e territorializações produzidas por sujeitos e coletividades nas margens (geográficas, políticas ou simbólicas) da cidade, valorizando os territórios populares, as periferias e os contextos urbanos invisibilizados ou estigmatizados pelo urbanismo tradicional.
Eixo 3 - Representações, Memória e Preservação do Urbano
Este eixo aborda as múltiplas formas de representação da cidade e suas relações com os processos de disputa por memória, identidade e pertencimento. Investiga como diferentes linguagens (como literatura, cinema, fotografia, artes visuais e imprensa) constroem, perpetuam ou questionam imaginários urbanos. Também problematiza os usos sociais da memória e do patrimônio, articulando práticas hegemônicas e insurgentes de valorização, silenciamento ou apagamento de espaços e narrativas urbanas. São especialmente bem-vindas contribuições que explorem a ressignificação de paisagens culturais, patrimônios industriais, infraestruturas e lugares de memória a partir das vivências e reivindicações de grupos sociais historicamente marginalizados, privilegiando olhares oriundos das bordas, das dissidências e dos territórios "fora do eixo".